Liturgia e Sacramento | Duas Faces da Mesma Missão da Igreja

Liturgia e Sacramento | Duas Faces da Mesma Missão da Igreja

Liturgia e Sacramento
Duas Faces da Mesma Missão da Igreja
Miguel Uchoa*
 

  1. Introdução: A

forma e o mistério

Certa vez uma pessoa me abordou na igreja e fez a seguinte pergunta: “Bispo, por que nossos cultos não são mais sacramentais?” Respondi inicialmente perguntando: “O que você de fato quer dizer com ‘mais sacramentais?” e ele com sinceridade disse: “uma celebração usando mais a liturgia” percebi que se eu continuasse perguntando, ele continuaria se colocando equivocadamente e aquela conversa não teria um fim proveitoso pois seguiria com interrogações, por isso adiantei: será que você não está se referindo a uma celebração mais formal, usando mais os formulários litúrgicos, as vestes etc.? ele rapidamente afirmou: sim, é isso mesmo que quero dizer! Havia uma confusão na mente daquele rapaz; ele confundia liturgia com sacramento, o que é muito comum.

 A Igreja sempre reconheceu que o culto cristão é o centro da vida e da missão. É no culto que a comunidade se reúne não apenas para recordar, mas para viver e experimentar a presença real do Cristo ressuscitado, tornando-se participante ativa de Sua graça e de Sua obra redentora. O culto é, assim, o ponto de encontro entre o divino e o humano, onde a fé da Igreja se manifesta de forma concreta e visível.

 No entanto, ao longo da história, tornou-se comum confundir “liturgia” com simples “ritualismo”, ou seja, enxergar a ordem e a forma do culto apenas como práticas exteriores, desprovidas de significado profundo. Da mesma forma, “sacramento” muitas vezes foi reduzido a uma “cerimônia”, como se fosse apenas um ato simbólico, separado da ação efetiva da graça de Deus. Essas reduções empobrecem a experiência cristã, pois tiram do culto seu caráter de encontro vivo com o mistério de Deus e de participação efetiva na missão da Igreja.

 Para o bem da missão cristã, é fundamental esclarecer essa confusão: a liturgia, quando autêntica, é expressão da fé celebrada, e os sacramentos são sinais visíveis da graça invisível. Integrar liturgia e sacramento significa unir forma e mistério, ordem e presença, tornando o culto um espaço de transformação, onde a comunidade é fortalecida para viver e testemunhar o Evangelho no mundo.

“A liturgia é a fé celebrada; os sacramentos são a graça experimentada.”

Gregory Dix, The Shape of the Liturgy (1945)

 “Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24)

 O que é um Culto Litúrgico

 O termo liturgia (do grego leitourgia) significa “obra do povo”. No contexto cristão primitivo, designava a ação comunitária de adoração, como descrita em Atos 2:42,“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações.” 

“A liturgia é o serviço do povo de Deus ao seu Senhor, em resposta à Sua Palavra e às Suas obras.”
John Stott, The Contemporary Christian (1992)

 O culto litúrgico é, portanto, a adoração ordenada pela Igreja. Ele pode ocorrer com ou sem celebração sacramental, mas sempre mantém a forma, a reverência e a coerência com a fé apostólica, e é que segue uma estrutura histórica e teológica de oração, com base nas Escrituras e na tradição apostólica e reflete o entendimento de que a adoração é uma obra do corpo de Cristo, não apenas de um indivíduo.

A Liturgia contempla os aspectos que facilitam o nosso “serviço” a Deus como” Adoração – Confissão – Intercessões – Leitura da Palavra de Deus – Exposição da Palavra (Homilia) – Eucaristia (quando houver). Esses elementos, realizados em diferentes formas e estilos, compõem a liturgia, o serviço que prestamos a Deus. Não há culto que não seja litúrgico, mas há liturgias mais ou menos elaboradas, mais ou menos históricas, mais ou menos contemporâneas.

  “A liturgia não é apenas palavras ditas, mas a vida da Igreja em oração, conduzida pelo Espírito Santo.”

Livro de Oração Comum, Prefácio da Eucaristia

 O Livro de Oração Comum é a expressão clássica desse princípio: um modelo de adoração que envolve toda a comunidade, com orações, leituras bíblicas, confissão, absolvição e bênção.

Exemplo: 

  • Ofício Matutino e Vespertino
  • Liturgia Eucarística
  • Celebrações de Batismo, Matrimônio e Confirmação

 Um culto pode ser litúrgico mesmo sem celebrar um sacramento, por exemplo, um Ofício de Ação de Graças ou um culto matutino dominical. Para combater o liturgismo e o engessamento” das celebrações o “gênio” Thomas Cranmer incluiu um artigo (34º) nos 39 artigos de religião, ponderando o bom senso e apelo à diversidade 

  1. O que é um Culto Sacramental

 O culto sacramental é aquele em que há mediação visível da graça, por meio de sinais instituídos por Cristo. Os sacramentos são atos de Deus que utilizam elementos criados para comunicar Sua presença redentora.

“O sacramento é um sinal visível de uma graça invisível, instituído para nos santificar.”, Santo Agostinho, Sermão 272

“Cristo está presente, não apenas espiritualmente, mas também de modo eficaz, em cada ato sacramental.”
,John Calvin, Institutes of the Christian Religion, IV.14 

O culto sacramental tem Cristo no centro, agindo pela Palavra e pelos sinais — água, pão, vinho, óleo — para alimentar, purificar e enviar o seu povo. 

“Este é o meu corpo… este é o meu sangue… fazei isto em memória de mim.” (Lc 22:19–20) 

O culto sacramental é aquele que tem como centros teológicos e espirituais a celebração dos sacramentos instituídos por Cristo, especialmente o Batismo e a Santa Ceia.
Nele, a ênfase está na mediação visível da graça invisível.

 Segundo Santo Agostinho, “O sacramento é um sinal visível de uma graça invisível.” Nessa perspectiva, o culto sacramental não é apenas um ato simbólico, mas uma encarnação da graça, um meio pelo qual o Espírito Santo comunica a presença de Cristo ao seu povo.

 Assim, o culto sacramental é o espaço da presença eficaz de Cristo, não por mágica, mas pela fé e pela promessa da Palavra.

Por que dizem “esse culto é mais sacramental”?

Essa expressão geralmente aparece quando há:

  • Maior presença simbólica (cruz, altar, vestes, incenso);
  • Ênfase na Eucaristia como ápice da adoração;
  • Valorização dos gestos litúrgicos (ajoelhar, curvar-se, reverência).

Mas isso não significa que seja “mais espiritual” ou “mais santo”. Significa apenas que há mais evidência sacramental da fé, ou seja, o culto expressa visivelmente o mistério da graça.

 

 

  1. Distinções Essenciais

 

Aspecto

Culto Litúrgico

Culto Sacramental

Origem

Prática apostólica e tradição da Igreja

Instituição direta de Cristo

Ênfase

Ordem e forma da adoração

Mediação da graça

Elemento central

Estrutura de oração e louvor

Os sacramentos (Batismo e Eucaristia)

Exemplo

Ofício Divino, Orações Diárias

Santa Ceia, Batismo

Efeito espiritual

Comunhão e formação da fé

Renovação e nutrição da graça

Risco

Formalismo

Sacramentalismo

 

Referências:

  • Cranmer, Thomas. Livro de Oração Comum 1552
  • Hooker, Richard. As Leis da Política Eclesiásticas, Livro V.
  • J. I. Packer. “The Gospel in the Liturgy,” em A Quest for Godliness (1990). 
  1. Liturgia ≠ Sacramentalismo

 O sacramentalismo surge quando se atribui poder mágico ao rito, esquecendo-se de que Cristo é o agente da graça.

“Não é o rito que salva, mas a fé que recebe o Cristo que o rito anuncia.” Martinho Lutero, Catecismo Maior, sobre o Batismo.

A verdadeira liturgia é a forma encarnada da fé. Ela não substitui a presença de Deus, mas a expressa. Um culto pode ser litúrgico e vazio se faltar fé, ou simples e poderoso se o Espírito agir. Da mesma forma, pode conter um sacramento e tornar-se sem sentido se aquele sacramento não for compreendido e acatado como missão. Nunca podemos esquecer que o sacramento é uma ordenança; há um comando a ser realizado e um propósito a ser cumprido.

 “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Isaías 29:13)

  1. Por que dizem “esse culto é mais sacramental”?

 Essa expressão geralmente se refere a cultos que:

  • Valorizam os sinais sensíveis da fé (cruz, altar, incenso, velas);
  • Destacam a Eucaristia como ápice da adoração;
  • Expressam a sacralidade do tempo e do espaço.

 Mas ser “sacramental” não é ser “mais formal”, é viver a presença da graça de Deus mediada por meios visíveis.

“O mundo é o grande sacramento de Deus. Cada ato da Igreja deve revelar o invisível através do visível.”,

Alexander Schmemann, For the Life of the World (1973) 

  1. Aplicação Pastoral e Missionária

 Os ministros(as) devem ensinar que:

  • A Liturgia é a expressão ordenada da fé.
  • O sacramento é o encontro eficaz com a graça;
  • A missão da Igreja é tornar o mundo sacramental, isto é, tornar a graça visível em tudo o que faz.

 “Tudo seja feito com decência e ordem.” (1 Coríntios 14:40)

“Ide, portanto, e fazei discípulos, batizando-os…” (Mateus 28:19)

 “A Igreja não é apenas um povo com uma missão, mas um povo que é missão, um sacramento vivo da presença de Cristo no mundo.”  John Zizioulas, Being as Communion (1985)

  1. Conclusão

 Liturgia e sacramento caminham juntos como forma e substância da adoração cristã. A liturgia ordena; o sacramento vivifica. A forma sem vida é ritualismo; a vida sem forma é confusão. Mas a forma cheia de vida é adoração em espírito e em verdade. são duas faces de uma mesma moeda: a missão sacramental da Igreja no mundo. A Igreja é litúrgica porque adora com ordem; é sacramental porque é sinal e instrumento da graça de Deus no mundo. Separar as duas dimensões empobrece a fé; integrá-las faz o corpo de Cristo brilhar com toda a sua beleza e poder.

Que cada culto seja uma celebração ordenada e viva, onde a forma exprima o mistério e o mistério santifique a forma

“Na liturgia, o céu toca a terra.”

John Chrysostom, Homilias sobre Isaías

 

 Referências

  1. Agostinho de Hipona. Sermones 272–275.
  2. Thomas Cranmer. The Book of Common Prayer, 1552.
  3. Richard Hooker. Laws of Ecclesiastical Polity, Livro V.
  4. John Calvin. Institutes of the Christian Religion, IV.14–17.
  5. Dom Gregory Dix. The Shape of the Liturgy. London: Dacre Press, 1945.
  6. Alexander Schmemann. For the Life of the World. St. Vladimir’s Seminary Press, 1973.
  7. John Zizioulas. Being as Communion. St. Vladimir’s Seminary Press, 1985.
  8. J. I. Packer. A Quest for Godliness. Crossway, 1990.
  9. John Stott. The Contemporary Christian. IVP, 1992.
  10. Martinho Lutero. Catecismo Maior, seção sobre o Batismo e a Ceia.

Ao clero e a quem interessar possa

Ao clero e a quem interessar possa

Ao clero e a quem interessar possa

Graça e paz da parte de Deus e, graças a Deus que nos dá vitória em Cristo Jesus

Como é do conhecimento de alguns, na semana passada, como parte do conselho de primazes e como Vice-Presidente do GAFCON, participei de uma consulta a pedido do Presidente e Arcebispo de Ruanda Laurent Mbanda. Estavam presentes alguns primazes, parte dos fundadores do GAFCON e algumas lideranças na cidade de Sydney, Austrália.

Durante três dias nos debruçamos sobre os desafios que se enfrentam hoje no âmbito da Comunhão Anglicana em algumas partes do mundo. Enquanto, na maioria dos países em que nossa igreja está estabelecida, ela é vibrante, evangélica, bíblica e de visão missionária, por outro lado, em alguns países, a teologia revisionista tomou corpo e influenciou a igreja.

Essa teologia herética apresenta um falso evangelho que tem colaborado para que os fundamentos básicos do evangelho de Jesus Cristo estejam sendo deturpados e levando a igreja à ruína, transformando-a em uma agência ou organização qualquer que dista do propósito do evangelho como o oriente do ocidente.

Esse fenômeno não é novo, já em 2008, líderes anglicanos preocupados com os rumos da igreja convocaram a 1ª Conferência para o Futuro do Anglicanismo, conhecida como GAGFCON I. Ali se reuniram quase 1.500 líderes entre leigos, clérigos e bispos de todos os continentes, dali saiu a Declaração de Jerusalém e ali se iniciou esse movimento que busca trazer a Comunhão Anglicana de volta aos princípios bíblicos e colocar a Bíblia no centro dela. Depois de Jerusalém 2008, vieram Nairobi 2013, Jerusalém 2018, Ruanda 2023 e Dallas 2024, e a cada ano temos um encontro das lideranças mundiais do Movimento. Tenho tido o privilégio de participar em todos estes encontros desde 2008.

Depois de inúmeras tentativas de chamar à razão as lideranças Anglicanas, de diálogos e debates, declarações e propostas, percebemos claramente que a Comunhão Anglicana “fecha os ouvidos” a tudo o que temos tentado dizer. Entendemos que os chamados “Instrumentos de Comunhão” falharam drasticamente no propósito de unir esse povo. Em fevereiro de 2023, após as decisões do Sínodo da Igreja da Inglaterra aprovar as mudanças na doutrina do casamento fugindo dos princípios bíblicos, emitimos juntos com o GSFA uma declaração na 4ª feira de cinzas que desconsiderava os instrumentos de comunhão e o arcebispo de Cantuária como líder da Comunhão. A partir de então, consideramos nossos laços com a Igreja da Inglaterra apenas históricos.

Com os últimos desdobramentos, incluindo a escolha de uma mulher, lésbica e que vive em parceria “conjugal” com outra mulher, como Arcebispa do País de Gales, e a recente escolha da Bispa Revisionista liberal pró-aborto e que apoia as mudanças no conceito do casamento da igreja, entendemos que precisávamos tomar uma decisão. Reunidos em Sydney, tomamos a decisão de fazer valer a razão pela qual a conferência e posteriormente o Movimento GAFCON foram fundados.

É nosso papel, como movimento, nos movermos, e por isso decidimos, de maneira oficial, declarar a incompatibilidade e o distanciamento total dos instrumentos de unidade da Comunhão Anglicana, como está claro na carta do Presidente do GAFCON, homologada pelo Conselho de Primazes do movimento em 16 de outubro desse ano.

Nunca deixamos a Comunhão Anglicana porque somos a herança legitima de suas raízes e a continuidade do que ela sempre creu, declarou e ensinou. Na realidade…

Nós somos

A COMUNHÃO ANGLICANA GLOBAL

Historicamente, e sob a graça de Deus em 16 de outubro de 2025, dia dos Mártires Hugo Latimer e Nicholas Ridley, assinamos essa decisão.

Quando Latimer e Ridley estavam sendo amarrados à estaca, Latimer disse a Ridley:

“Seja corajoso, mestre Ridley, e tenha bom ânimo; pois hoje, pela graça de Deus, acendemos na Inglaterra uma vela que, espero, jamais se apagará.”

Que a chama dos mártires nunca se apague, aqueça nossos corações com paixão pela missão de Deus e ilumine nosso caminho coma a verdade do evangelho.

++ Miguel Uchoa
Arcebispo e Primaz da Igreja Anglicana no Brasil
Vice-Presidente do GAFCON
Recife, 20 de outubro de 2025

       Letter to the Clergy and to Whom It May Concern

Grace and peace from God our Father and the Lord Jesus Christ, who leads us in triumph and gives us victory through the cross.

Dear Brothers and Sisters in Ministry,

As many of you know, I recently participated, as Vice-President of the GAFCON (Global Anglican Future Conference), in a consultation at the invitation of its President, Archbishop Laurent Mbanda, Primate of the Anglican Church of Rwanda. The meeting took place in the city of Sydney, Australia, bringing together part of the Primates’ Council, some of the founders of the movement, and other Anglican leaders from diferente provinces.

For three days, we dedicated ourselves to prayer, reflection, and discernment of the challenges facing the Anglican Communion today. While in many parts of the world our Church remains vibrant, evangelical, biblical, and missionary, in other regions, theological revisionism has taken hold, undermined the foundations of the historic Christian faith, and transformed the Church into a mere humanist organization, far from the Gospel of Christ.

This reality, unfortunately, is not new. In 2008, faced with the same picture of doctrinal deviation, Anglican leaders from various nations gathered in Jerusalem at the First Global Conference on the Future of Anglicanism (GAFCON I). There, some 1,500 delegates, including bishops, clergy and laity from all continents, signed the Jerusalem Declaration, a historic document that reaffirms the Communion’s commitment to the supreme authority of Scripture and to the foundations of the Reformed faith.

Since then, the movement has grown and strengthened, with conferences in Nairóbi (2013), Jerusalem (2018), Rwanda (2023), and Dallas (2024) each reaffirming the need to keep the Bible at the center of church life. I have had the privilege of participating in all these conferences since the beginning of the movement, witnessing its maturity and fidelity to the Gospel.

Despite numerous attempts at dialogue and calls for repentance, it became apparent that the so-called Instruments of Communion, the Archbishop of Canterbury, the Lambeth Conference, the Anglican Consultative Council (ACC), and the Primates’ Meeting, had failed to maintain doctrinal unity and the integrity of the faith.

The decision by the Synod of the Church of England in February 2023 to alter the doctrine of marriage, approving blessings to unions contrary to Scripture, was a turning point. Inresponse, GAFCON and the GSFA (Global South Fellowship of Anglicans) published a joint statement on Ash Wednesday that year stating that Canterbury’s leadership no longer represented the unity of the true Anglican Communion. Since then, our ties with the Church of England have been only historical, and not one of spiritual communion.

The most recent events — including the appointment in Wales as primate of a woman who lives in a marital relationship with another woman, and the choice in England of a liberal bishop who advocates abortion and the revision of the Christian doctrine of marriage — have confirmed the need for a firm and definitive decision.

Meeting in Sydney, the Primates decided to reaffirm the original reason why GAFCON was founded: to restore the integrity of the faith, the centrality of Scripture, and the unity of the Church under the lordship of Christ. Thus, on October 16, 2025, the date on which the Church commemorates the martyrdom of Bishops Hugh Latimer and Nicholas Ridley, we officially signed the reordering of the Anglican Communion, recognizing GAFCON as the rightful custodian of the historic and biblical faith of Anglicanism.

We do not leave the Anglican Communion — we are its faithful and legitimate expression. We are the living continuity of the faith of the apostles, the reformers, and the martyrs who kindled the flame of truth in England and spread it throughout the world.

When Latimer and Ridley were tied to the stake at Oxford, Latimer encouraged his
companion by saying:

“Take courage, Master Ridley, and be of good cheer, for today, by the grace of God, we
have kindled in England a flame that will never be extinguished.”

That flame, lit for nearly five centuries, is still alive — and burns today in every Anglican
heart faithful to the Word of God.

May the fidelity of these martyrs inspire our ministry, warm our hearts with passion for
mission, and lead us steadfastly in our commitment to proclaim the pure Gospel of Christ,
until the light of truth illuminates the whole nation.

In Christ, our Lord and Savior

++ Miguel Uchoa
Archbishop and Primate of the Anglican Church in Brazil

GAFCON Deputy Chair
Recife, October 20, 2025

DECLRAÇÃO DO GAFCON | 16 DE OUTUBRO 2025

DECLRAÇÃO DO GAFCON | 16 DE OUTUBRO 2025

Graça e paz para você em nome de nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitado, na comemoração
do martírio de Hugh Latimer e Nicholas Ridley.

A primeira Conferência Global do Futuro do Anglicanismo (GAFCON) se reuniu em 2008,
em Jerusalém, para responder em oração ao abandono das Escrituras por alguns dos líderes
mais antigos da Comunhão Anglicana e a buscar seu arrependimento.

Na ausência de tal arrependimento, temos avançado em oração rumo a um futuro para os fiéis
anglicanos, em que a Bíblia seja restaurada ao coração da Comunhão.

Hoje, esse futuro chegou.

Nossos Primazes do Gafcon se reuniram para cumprir nosso mandato de reformar a
Comunhão Anglicana, conforme expresso na Declaração de Jerusalém de 2008.
Resolvemos reordenar a Comunhão Anglicana da seguinte forma:

1. Declaramos que a Comunhão Anglicana será reordenada, com apenas um
fundamento de comunhão, a saber, a Bíblia Sagrada, “traduzida, lida, pregada,
ensinada e obedecida em seu sentido claro e canônico, respeitando a leitura histórica
e consensual da igreja” (Declaração de Jerusalém, Artigo II), que reflete o Artigo VI
dos 39 Artigos de Religião.

2. Rejeitamos os chamados Instrumentos de Comunhão, ou seja, o Arcebispo de
Cantuária, a Conferência de Lambeth, o Conselho Consultivo Anglicano (CCA) e a
Reunião de Primazes, que falharam em defender a doutrina e a disciplina da
Comunhão Anglicana.

3. Não podemos continuar a ter comunhão com aqueles que defendem a agenda
revisionista, que abandonou a palavra inerrante de Deus como autoridade final e
derrubou a Resolução I.10, da Conferência de Lambeth de 1998.

4. Portanto, o Gafcon reordenou a Comunhão Anglicana, restaurando sua estrutura
original como uma irmandade de províncias autônomas unidas pelos Formulários da
Reforma, conforme refletido na primeira Conferência de Lambeth em 1867, e agora
somos a Comunhão Anglicana Global.

5. As províncias da Comunhão Anglicana Global não participarão de reuniões
convocadas pelo Arcebispo de Cantuária, incluindo o CCA e não farão nenhuma
contribuição monetária para o CCA, nem receberão qualquer contribuição monetária
do ACC ou de suas redes.

6. As províncias que ainda não o fizeram são encorajadas a emendar sua constituição
para remover qualquer referência a estar em comunhão com a Sé de Cantuária e com
a Igreja da Inglaterra.

7. Para ser membro da Comunhão Anglicana Global, uma província ou diocese deve
concordar com a Declaração de Jerusalém de 2008, o padrão contemporâneo para a
identidade anglicana.

8. Formaremos um Conselho de Primazes de todas as províncias membros para eleger
um Presidente, como primus inter pares (“primeiro entre iguais”), para presidir o
Conselho, que continua “a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos” (Judas 3).

Como declarei em minha declaração há duas semanas: “A redefinição de nossa amada
Comunhão está agora exclusivamente nas mãos da Gafcon, e estamos prontos para assumir a
liderança”.

Hoje, o Gafcon lidera a Comunhão Anglicana Global.

Como tem sido o caso desde o início, não deixamos a Comunhão Anglicana; somos a
Comunhão Anglicana.

Em nossa próxima Conferência Episcopal do G26 em Abuja, Nigéria, de 3 a 6 de março de
2026, conferiremos e celebraremos a Comunhão Anglicana Global.

Por favor, ore para que levemos nossa Comunhão orando em submissão ao Espírito Santo,
na medida em que ouvirmos a voz de Jesus em suas maravilhosas Escrituras, para a glória de
Deus.

 

Arcebispo Dr. Laurent Mbanda
Presidente do Conselho de Primazes do GAFCON
Arcebispo e Primaz da Igreja Anglicana de Ruanda
Quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Uma Jornada Terra Adentro Viagem Missionária Episcopal PB/CE

Uma Jornada Terra Adentro Viagem Missionária Episcopal PB/CE

A Igreja Anglicana na Paraíba completa 41 anos em 2025. Eu estava no culto inaugural na Av. Epitácio Pessoa, ainda jovem, lembro bem dos detalhes e da esperança promissora de todos que estavam empreendendo aquela missão. Havia muita esperança e louvo a Deus por aquele povo que empreendeu essa 1ª fase, especialmente a visão do então Pr. Paulo Garcia da Igreja Anglicana da Trindade. Foi uma bela e visionária iniciativa. A história registra um bom começo e, como toda história, registra também seus percalços e desafios, alguns deles que queremos deixar no extremo da memória, apenas como prevenção, para que nunca mais se repitam. 

Mas quero louvar a Deus pela geração que surgiu em seguida e que, com muita disposição, levou a cabo a obra de maneira pujante. A disciplina do Pr. Sousa e a chegada do primeiro bispo da região, Flavio Adair, em seguida, uma vibrante geração de jovens que se tornaram pastores (as), e que hoje, décadas depois, assumiram a liderança dessa região, tornando-a uma diocese e fazendo daquele primeiro projeto uma realidade. Veio a expansão, levando a igreja para o interior, sonho antigo dos anglicanos nordestinos.  

1a Etapa. ( João Pessoa – Campina Grande) 

Junto com os Bispos Márcio Meira (Diocesano da DJP) e Miguel Neto (Bispo Auxiliar da DJP), partimos para o Oeste Paraibano com destino à cidade de Iguatu, sertão 

Cearense, com paradas estratégicas. A 1ª parada foi em Campina Grande, onde nos reunimos com os pastores (as), postulantes e ministros (as) da Região do Cariri Paraibano. Rev. Charles e Post. Julia, casal pastoral da cidade, Post Rosana de Caturité, Rev. Neto e M.L. Gerlane de Boqueirão, e de Guarabira, a Revda Gisele, além de líderes e ministros(as) da região. Em um almoço fraterno, ministrei

uma palavra sobre os desafios da liderança, e demos 

direcionamentos. Foi muito bom ver a presença tão promissora da nossa igreja nessa região. 

2ª Etapa (Campina Grande – Patos)

desenvolvimento daquela região após subirmos a serra de St Luzia. O clima estava ameno, pelo que demos graças, já estive ali quando ele não estava nada ameno.   O vigor da cidade é visível pelos empreendimentos locais e pela infraestrutura que vai se construindo. Tínhamos que ter uma igreja naquela cidade, pois, assim como os negócios e o desenvolvimento se expandem a partir dali, também o bom evangelho que proclamamos terá o mesmo destino. 

A Igreja Anglicana Comunhão tem como líderes o Bispo Miguel Neto e sua esposa Revda. Priscilla Abrantes auxiliados pelo Post. Adylson.  A Igreja em Patos é vibrante e corajosa, DNA de seus líderes. Ali tivemos um PDL onde falamos sobre o líder visionário para um excelente grupo de líderes que vai se formando naquela comunidade. 

A ousadia desses líderes fez com que eles “molhassem       os        pés”     (Js        3:15-17)          e adquirissem 9 lotes que somam quase 3 mil metros quadrados, onde será construído o templo da futura Catedral Anglicana do sertão.  Pude ver uma igreja viva e líderes de uma geração que está, não somente vivendo

os         milagres          de        Deus,   mas     plantando  colunas firmes para que o evangelho se espalhe por toda aquela região. 

3ª Etapa (Patos – Iguatu (CE)

Logo cedo partimos com destino a Iguatu, sertão do Ceará.  A vegetação no caminho começa a mudar, mas o verde característico dessa época e as várias represas e açudes enfeitam o caminho, e a estrada, com uma serpente, segue em meio a essa linda paisagem. Enquanto dirijo, não posso retrair meu pensamento de que, um dia, ainda jovem, era inconformado com a nossa igreja ser excessivamente urbana e de ter orado tanto para que, como “entradas e bandeiras” da fé, pudéssemos vivenciar aquilo que meus olhos agora estavam vendo. Não pude deixar de me emocionar.  

Chegamos a Iguatu, onde à noite, o casal pastoral Revda. Reiza e Rev. Guilherme plantaram uma linda igreja, iniciando de um “marco zero”. A Igreja Anglicana Comunhão de Iguatu nasceu de uma casa de paz, grupo de amigos, célula, células e, então, igreja. Seguindo uma estratégia que tem se mostrado bastante eficaz. Nos hospedamos no Hotel Diocesano da Diocese Católica da região, que um dia algum visionário implantou e que hoje serve a centenas de pessoas e profissionais que circulam por aquela região, com uma estrutura confortável e acolhedora. 

Participamos de um culto (4ª Profética) e da instituição da M.L. Vania. Ali preguei sobre ser “Uma igreja sobrenatural”. Após a celebração, tivemos um encontro com jantar que envolveu a liderança da Igreja, seminaristas, postulantes e uma delegação vinda de nossa igreja Comunhão em Juazeiro do Norte, liderada pelo Rev. Daniel, diácono em transição, e uma equipe de jovens líderes. 

Além do casal de postulantes Patrício e Bruna, que estão em processo de implantação da igreja em Acopiara/CE, 40 km de Iguatu. 

A Igreja em Iguatu, também tem aprendido a “molhar os pés” e já adquiriu o terreno e iniciou a construção do templo em um projeto desafiador de desbravamento de regiões, movidos pela fé. 

A Revda. Reiza, e sua equipe me fez lembrar Lídia, a empresária do ramo de tapeçaria, que abriu sua casa e sua vida para a implantação da igreja na Europa e está registrada na carta de Paulo aos Filipenses. 

Voltamos cheios de alegria e da certeza de que as sementes do evangelho estão sendo plantadas nesta região, que os brotos já desabrocham e que aquele meu sonho de ver o anglicanismo nordestino se espalhar pelo interior do país não é mais um sonho. 

Na volta e última parada, me encontrei e tomei café com o grupo de jovens de Falls Church, Virginia, EUA, liderados pelo Pr. Martin, que estava em missão na DJP. Falls Church é uma das grandes mantenedoras do ARDF, fundo de ajuda humanitária que tem ajudado a igreja nos projetos sociais.

Essa é uma marca de nossa igreja, uma   igreja global presente em todos os cantos anunciando o evangelho na íntegra. 

Nos quase 1600 km rodados, meus olhos viram acordados aquilo que um dia sonhei. Parabéns aos Bispos Márcio Meira e          Miguel             Neto    pelo     espírito desbravador e empreendedor com visão

de Reino. Assim, a igreja avança. E, como  sempre digo, este é … “Um Novo tempo, e o Evangelho de Sempre!”

Pronunciamento dos Primazes do GAFCON na memória dos 507 anos da Reforma Protestante

Pronunciamento dos Primazes do GAFCON na memória dos 507 anos da Reforma Protestante

“Amado, embora eu estivesse muito ansioso para escrever a você sobre nossa salvação comum, achei necessário escrever apelando para você para batalhar pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Judas 3)

Nós, os Primazes do GAFCON, reunidos em Mount Pleasant, Carolina do Sul, para celebrar a investidura do Arcebispo Steve Wood como o terceiro Primaz da Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA) e para recebê-lo como Primaz da Comunhão Anglicana, enviamos saudações aos fiéis. Gostaríamos de poder escrever para vocês sobre nossa grande alegria pela missão, evangelismo e plantação de igrejas, mas declarações recentes do Arcebispo de Canterbury exigem que mais uma vez abordemos um assunto urgente em torno da ética bíblica que confronta nossa amada igreja anglicana.

As recentes ações do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, onde o Arcebispo Justin Welby defendeu a introdução de bênçãos do mesmo sexo na vida da Igreja da Inglaterra, estimulou o movimento GAFCON na redefinição contínua da Comunhão Anglicana. No entanto, o recente repúdio explícito do arcebispo Welby à doutrina cristã em sua entrevista no podcast da Grã-Bretanha, ‘The Rest is Politics’, ( O Resto é Política) nos levou a repetir nosso sério apelo ao seu arrependimento pessoal.

Nesta entrevista, ele afirma publicamente que:

“Toda atividade sexual deve estar dentro de um relacionamento comprometido e seja heterossexual ou gay. Em outras palavras, não estamos desistindo da ideia de que o sexo está dentro do casamento ou da parceria civil. Apresentamos uma proposta de que, onde as pessoas passaram por uma parceria civil ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, casamento igualitário sob a Lei de 2014, elas devem poder ir ao seu local, a uma igreja, e ter um culto de oração e bênção para eles em suas vidas juntos.

Embora ele possa alegar não ter mudado a doutrina do casamento, o Arcebispo de Canterbury mudou comprovadamente a doutrina do pecado, promovendo a santificação do pecado por meio de uma bênção divina.

Isso é uma clara violação da Sagrada Escritura, que ensina inequivocamente que o único contexto adequado para a intimidade sexual é no relacionamento de um homem e uma mulher que se uniram em casamento. Todas as formas de intimidade sexual foram desse contexto são condenadas como imoralidade e são comportamentos dos quais o povo de Deus é regularmente chamado a se arrepender (1 Coríntios 6:9-10).

Também é uma clara violação da Resolução I.10 da Conferência de Lambeth de 1998, que rejeitou a “prática homossexual como incompatível com as Escrituras” e que o Arcebispo declarou em 2022 ser o ensinamento da Comunhão Anglicana, incluindo a Igreja da Inglaterra.

Somos guiados pelas solenes palavras de advertência de Jesus à Igreja de Tiatira, porque “eles toleram o ensino de Jezabel”, que endossa a imoralidade sexual. Somente o julgamento aguarda Jezabel e todos os que a seguem, a menos que se arrependam (Apocalipse 2:21-22; 22:15). Qualquer tolerância, muito menos endosso, da imoralidade está sujeita ao julgamento de Deus.

Por esta razão, em resposta aos seus comentários públicos, repetimos solenemente nosso apelo ao arcebispo Justin Welby para se arrepender pessoal e publicamente dessa negação de seus votos de ordenação e consagração, onde ele prometeu “ensinar a doutrina de Cristo como a Igreja da Inglaterra a recebeu”.

O GAFCON apoia todos os anglicanos fiéis, tanto aqueles que optaram por deixar as províncias estabelecidas onde a autoridade das Escrituras foi comprometida, quanto aqueles que optam por permanecer enquanto buscam reformar sua província por dentro.

Portanto, continuamos a defender a Rede Anglicana na Europa (ANiE) como a provisão estrutural autenticamente anglicana do GAFCON para aqueles que não podem, por consciência, permanecer dentro das estruturas históricas e revisionistas.

Além disso, expressamos nosso apoio à ALIANÇA ( The Alliance) enquanto eles buscam se manter firmes na defesa do casamento bíblico dentro da Igreja da Inglaterra, e estamos prontos para defendê-los, autenticá-los e apoiá-los.

Finalmente, declaramos novamente a todos aqueles na Inglaterra que “batalham pela fé que uma vez por todas foi entregue a todos os santos”, que vocês não estão sozinhos.

Conselho de Primazes do GAFCON

Dia da Reforma Protestante

31 de outubro de 2024

Para conferir o pronunciamento na integra dos Primazes do GAFCON, acesse o clicando no botão abaixo.

Para conferir o pronunciamento na integra dos Primazes do GAFCON, acesse o clicando no botão abaixo.

Comunicado da Reunião de Líderes Ortodoxos Anglicanos

Comunicado da Reunião de Líderes Ortodoxos Anglicanos

Comunicado da Reunião de Líderes Ortodoxos Anglicanos
Cairo, Egito 17 – 19 de outubro de 2023

 

I. REUNIMOS:

1. Líderes ortodoxos anglicanos se reuniram na Catedral de Todos os Santos, no Cairo, Egito, de 17 a 19 de outubro de 2023. O tema do encontro foi “Eu vos farei luz para as nações” (Isaías 49:6b). Isto ressoa profundamente com a essência da nossa fé e da missão da Igreja. Em seu discurso de abertura, o presidente do GSFA, Arcebispo Justin Badi, nos encorajou como seguidores de Jesus a sermos portadores da luz de Deus, vivendo e proclamando Sua Verdade em um mundo destruído pelo pecado e quebrado.

2. Ficamos imensamente gratos pela maravilhosa hospitalidade que nos foi proporcionada pelo Arcebispo Samy Shehata, pela Província de Alexandria e pelo povo da Diocese do Egito. O calor de sua acolhida e hospitalidade proporcionou um contexto no qual pudemos discutir, compartilhar, discernir, orar, adorar e receber conselhos juntos. Ficámos igualmente gratos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e ao Ministério da Administração Interna por terem facilitado esta Conferência.

3. 13 primazes, incluindo 2 via zoom, participaram da reunião. A eles juntaram-se 10 observadores, incluindo líderes ortodoxos anglicanos de diferentes redes da Comunhão (ver lista abaixo).

4. Ficamos imensamente gratos a Deus pelo espírito de união que permeou nossa celebração de abertura. Agradecemos de coração ao Grande Imã Ahmad Al-Tayeb e Sua Santidade o Papa Twadros II por enviarem seus respectivos representantes, Dr. Abu Zeid Al-Amir e Bispo Aklemondos. Exemplificou o poder da harmonia inter-religiosa e ecumênica e do respeito mútuo. Também somos gratos aos embaixadores de diferentes países por sua presença.

5. O que nos levou à consulta no Cairo foi o compromisso na declaração da Quarta-Feira de Cinzas do GSFA (20 de fevereiro de 2023), e capturado também na declaração do GAFCON IV Kigali (abril de 2023) para que os líderes anglicanos ortodoxos trabalhem juntos para redefinir a comunhão.

6. Reunimo-nos no Cairo muito perto do conflito entre Israel e o Hamas. Ficamos profundamente perturbados com a destruição de vidas e bens do nosso Hospital Anglicano em Gaza, que aconteceu durante os dias do nosso encontro. Oramos pelo Arcebispo de Jerusalém e do Oriente Médio, pelo Rev. Dr. Hosam Naoum e por todos aqueles que estão envolvidos nesta tragédia. Isso nos fez empatizar com o imenso sofrimento dos enlutados, dos desabrigados, dos reféns e dos refugiados.

II. ADORAMOS:

7. Passamos um tempo durante nossa consulta em oração corporativa e adoração, com o desejo de ouvir a Palavra de Deus em nossos corações. Não temos dúvidas de que estamos engajados em uma batalha espiritual tanto dentro da igreja quanto com o mundo que é hostil ao Reino de Deus. A oração e o jejum são fundamentais para a paz no mundo, a vitalidade espiritual na igreja e o avanço do Reino de Deus.

8. Recebemos uma nova palavra através do sermão pregado na Eucaristia de abertura na Catedral de Todos os Santos. O texto bíblico que tomou conta de nossos corações é de Filipenses 1:27-28 “Somente que o seu modo de vida seja digno do evangelho de Cristo, (…) permanecendo firmes em um só espírito, com uma só mente lutando lado a lado pela fé do evangelho”. O chamado a permanecer firme na verdade do Evangelho, com unidade de espírito e espírito era inconfundível. Não podemos confundir tolerância com amor, porque o amor se deleita com a verdade. Por amor, devemos estar preparados para dizer coisas difíceis, a fim de conduzir as pessoas ao caminho da verdade e da plenitude da vida.

III. REDEFININDO A COMUNHÃO:

9. Prosseguir na Redefinição da Comunhão de acordo com as suas raízes bíblicas e históricas:

a) O mundo anglicano mudou tão drasticamente no último século. Em 1900, cerca de 80% da Comunhão vivia na Inglaterra. Hoje, estima-se que cerca de 75% dos anglicanos vivam em países do Sul Global. A demografia mudou e, infelizmente, em nossos dias, a teologia de muitos bispos na Igreja da Inglaterra também mudou em direção ao revisionismo. Precisamos de novos odres para uma nova realidade.

b) No dia 9 de outubro de 2023, a Câmara dos Bispos da Igreja da Inglaterra sinalizou sua intenção de recomendar orações de bênção para casais do mesmo sexo. Apesar de tudo o que está acontecendo, nós, como líderes ortodoxos, somos muito encorajados a ver grupos ortodoxos dentro da Igreja da Inglaterra começando a se posicionar coletivamente contra esse revisionismo em sua Igreja. Aplaudimos os 12 bispos da Igreja da Inglaterra que indicaram que não podem apoiar a decisão de sua Câmara dos Bispos, e os apoiaremos em nossas orações. Estaremos ao lado dos anglicanos ortodoxos na Inglaterra, tanto agora quanto daqui para frente.

c) Lamentamos com lágrimas tudo o que aconteceu à histórica “igreja mãe” da comunhão, e continuamos a orar pela sua restauração. Ao mesmo tempo, as igrejas e entidades anglicanas ortodoxas continuarão com a obra que Deus nos deu para fazer ao renovar a criação caída por meio da obra acabada de Jesus Cristo, nosso Senhor.

d) Em relação ao Arcebispo de Cantuária e aos outros instrumentos de comunhão, afirmamos a Declaração da Quarta-Feira de Cinzas e a Declaração de Kigali.

10. Como primazes ortodoxos, reafirmamos nossa adesão à Resolução 1.10 de Lambeth de 1998 na íntegra, tanto no ensino moral quanto no cuidado pastoral. Reconhecemos esta resolução como o ensinamento oficial da Comunhão Anglicana sobre matrimônio e sexualidade e pedimos que sejam dados passos renovados para encorajar todas as províncias a seguir esta doutrina na fé, na ordem e na prática.

IV. CONCORDAMOS COM O SEGUINTE:

(Nota: As ações abaixo foram acordadas pelo grupo de líderes que se reuniu nesta consulta e precisarão ser ratificadas e seguidas conforme necessário pelas respectivas províncias e agrupamentos anglicanos.)

11. Levar o Evangelho urgentemente por palavras e atos a um mundo sofrido. O Evangelho que anunciamos deve ser a fé entregue de uma vez por todas aos santos (Judas 3). Ela deve ser vivida na vida dos cristãos e demonstrada pelo amor e pelas boas obras. Nós vamos procurar colaborar em missão e ministério entre nós como diferentes órgãos ortodoxos (GSFA, GAFCON e outras províncias e entidades, incluindo os ortodoxos nos EUA e Reino Unido).

12. Rezar fervorosamente e apoiar o trabalho de socorro e redesenvolvimento em países devastados pela guerra, bem como por cristãos perseguidos e duramente pressionados.

a. Neste momento, somos solidários com o Arcebispo Ezekiel Kondo e com o povo do Sudão, apelando ao fim da violência e a um processo de paz e reconciliação. Apelamos à comunidade internacional para que dê toda a ajuda e apoio aos inocentes que estão deslocados devido aos combates. Oramos pelo povo deslocado e sofrido de Gana.

b. Também nos solidarizamos com o Arcebispo Azad Marshall e os cristãos perseguidos no Paquistão, bem como com o Rev. Stephen Than e o povo pressionado da Província de Mianmar. Também lembramos em nossas orações cristãos em muitas partes da Nigéria que são perseguidos.

c. Estamos profundamente preocupados que, se a Igreja da Inglaterra avançar com as mudanças propostas, isso aumentará a perseguição aos cristãos em muitas partes do Sul Global.

d. No caso da recente eclosão da guerra entre Israel e o Hamas, a nossa solidariedade é para com todos os que sofreram com o violento conflito. Oramos por um cessar-fogo e um diálogo sério para encontrar uma paz justa.

13. Afirmamos a Estrutura de Aliança da GSFA (às vezes chamada de Aliança do Cairo) como uma boa maneira de oferecer estrutura eclesiástica e responsabilidade para ser um locus de unidade para os ortodoxos em toda a Comunhão. Agradecemos a Deus pelo crescente número de membros das igrejas e parceiros missionários da GSFA. Também afirmamos o trabalho do GAFCON de plantar igrejas e apoiar o clero ortodoxo desalojado ou discriminado em províncias de tendência revisionista. Incluiremos províncias ortodoxas em projetos combinados de missão e desenvolvimento.

14. Mobilizar nossos recursos econômicos, iniciar projetos e arrecadar fundos para ajudar uns aos outros a se tornarem autossustentáveis, ou para atender necessidades especiais que surgem e ajudar em projetos de desenvolvimento.

15. Reunir-se anualmente como “Líderes Ortodoxos Anglicanos” para continuar este vínculo uns com os outros, para ser revigorado pela comunhão cheia do Espírito, para se aconselhar juntos sobre assuntos de Comunhão e para colaborar na missão e no ministério.

 

Primazes participantes

Revmo. Dr. Justin Badi, Província da Igreja Episcopal do Sudão do Sul
Revmo. Tito Zavala, A Igreja Anglicana do Chile
Revmo. Titre Ande, Província da Igreja Anglicana do Congo (via Zoom)
Revmo James Wong, A Igreja Anglicana do Oceano Índico
Revmo Stephen Than, A Igreja da Província de Mianmar (via Zoom)
Revmo Foley Beach, A Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA)
Revmo. Stephen Kaziimba, a Igreja da Província de Uganda
Revmo. Ezequiel Kondo, Província da Igreja Episcopal do Sudão
Rev. Miguel Uchoa Cavalcanti, Igreja Anglicana no Brasil
Revmo. Dr. Samy Shehata, A Província Episcopal / Anglicana de Alexandria
Revmo Albert Chama, A Igreja da Província da África Central
Revmo Henry Ndukuba, A Igreja da Nigéria
Revmo Laurent Mbanda, A Igreja Anglicana de Ruanda
Revmo Dr. Mouneer Anis, Arcebispo Emérito, Província Anglicana de Alexandria

Observadores

Rev. Azad Marshall, Moderador da Igreja do Paquistão
Rev.Conego John Dunnett, Conselho Evangélico Igreja da Inglaterra
Bispo Malcolm Richards, Diocese de Sydney
Bispo Fraser Lawton, Parceiros de Comunhão, EUA Revd Nicky Gumbel, Aliança, Reino Unido
Revd Richard Moy, SOMA UK
Revd Conego Charles Raven, Relay Trust
Sr. Stewart Wicker, SAMS, EUA
Bishop Tim Davies, Missão Anglicana na Inglaterra
Rev. Philip de-Gray Warter, Convocação Anglicana na Europa

Comunicado da Reunião de Líderes Ortodoxos Anglicanos

Você pode fazer o download do PDF com o comunicado e imprimir, para uso nas reflexões pastorais e de formação com a liderança das comunidades da Igreja Anglicana no Brasil, e com isso, fortalecer as bases e as diretrizes de uma unidade pastoral e teológica. Que Deus nos abençoe nessa jornada.