À Igreja Anglicana no Brasil,

Ao clero e a todo o povo de Deus

Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

 Celebramos mais uma vez o Santo Natal, tempo em que a Igreja é chamada a recordar, proclamar e testemunhar o mistério central da fé cristã: a encarnação do Filho de Deus. 

O Natal não é apenas uma data no calendário litúrgico, tampouco uma tradição cultural entre tantas outras. Ele proclama a verdade fundamental de que Deus entrou na história humana, assumiu nossa carne e revelou, de forma definitiva, Sua proposta de salvação ao mundo.

 A Escritura afirma:

 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.” (João 1:14)

 No nascimento de Jesus Cristo, Deus não apresentou apenas uma mensagem; Ele mesmo se deu em pessoa. O Natal revela que a resposta divina à condição humana não foi distância, condenação ou abandono, mas proximidade, graça e amor.

 Vivemos tempos marcados por profundas divisões, polarizações ideológicas, intolerância crescente e discursos que fragmentam pessoas, famílias e nações. Nesse contexto, o Natal assume ainda maior relevância, pois proclama que Deus não escolheu o caminho da imposição, mas o caminho da encarnação; não respondeu ao ódio com violência, mas à escuridão com luz.

 O nascimento de Jesus nos lembra que: 

  • A dignidade humana é restaurada em Cristo;
  • A reconciliação é possível porque Deus tomou a iniciativa;
  • A esperança não nasce do poder, mas da humildade;
  • E o amor de Deus ultrapassa barreiras sociais, culturais e religiosas.

 Por isso, exortamos o clero e todo o povo da Igreja Anglicana no Brasil a não permitir que o Natal seja reduzido a mais uma festividade genérica, esvaziada de seu conteúdo espiritual e teológico. Celebrar o Natal é confessar que Deus tem um propósito para a humanidade, e esse propósito se revelou plenamente em Jesus Cristo.

 Que nossas comunidades celebrem o Natal com fidelidade bíblica, profundidade espiritual e testemunho público, anunciando que a luz brilhou nas trevas e que as trevas não prevaleceram contra ela (João 1:5).

 Que o nascimento de Cristo renove nossa fé, fortaleça nossa missão e nos conduza a viver como instrumentos de reconciliação em um mundo ferido.

 No amor daquele que nasceu por nós,

 

++ Miguel Uchoa

Arcebispo e Primaz

Igreja Anglicana no Brasil

Natal de 2025